No contexto da Doutrina Espírita, a compreensão do livre-arbítrio e das influências espirituais sobre o ser humano é essencial para entender a complexidade das escolhas, a responsabilidade moral e o impacto que o plano invisível pode exercer sobre a vida encarnada.
Longe de desvalorizar a autonomia da vontade humana, o Espiritismo mostra que o indivíduo não é uma vítima passiva das forças espirituais, mas um agente ativo, capaz de escolher entre as boas e as más influências, assumindo a responsabilidade pelos próprios atos. Ao mesmo tempo, reconhece que espíritos desencarnados, em diferentes níveis evolutivos, podem inspirar, auxiliar ou perturbar o encarnado, testando-lhe a capacidade de discernimento e o compromisso com o bem.A Natureza do Livre-Arbítrio
O livre-arbítrio, segundo o Espiritismo, não é um conceito absoluto ou ilimitado. Trata-se da capacidade relativa do espírito de tomar decisões conscientes e deliberadas, dentro dos limites impostos pelas leis naturais, pela maturidade moral, pela educação e pelas circunstâncias materiais e sociais em que se encontra. Todos os seres humanos dispõem de certa margem de escolha, podendo decidir entre o bem e o mal, entre o egoísmo e a solidariedade, entre a omissão e a responsabilidade, entre a indulgência e o rancor.
Essa liberdade de escolha é fundamental para a evolução moral, pois sem ela não haveria mérito nem responsabilidade. O ser humano não é um autômato, nem uma marionete divina. Deus, ao conceder ao espírito o livre-arbítrio, confere-lhe a dignidade de ser coautor do próprio destino, aprendendo através das experiências e assumindo as consequências de suas decisões. Assim, a dor, a alegria, o sucesso ou o fracasso moral não são impostos arbitrariamente, mas resultam da gestão pessoal do livre-arbítrio.
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